sábado, 19 de abril de 2008

- ... uma tentativa de compreensão total do mundo, sob todos os seus aspectos, físicos, psicológicos, morais, políticos, etc.

- Que loucura! Os filósofos se tornariam deuses, com um saber infinito.

- Num certo sentido, sim. Ao mesmo tempo, esta é a mais alta ambição da razão: conseguir compreender a totalidade do mundo. Evidentemente, não se trata de acumular uma imensa série de pequenos conhecimentos de detalhes. A finalidade é compreender segundo quais princípios se organiza a totalidade do mundo.

- Mas isto é impossível, não poderão jamais atingí-la...

- Entretanto, é o que os grandes sistemas filosóficos buscam. A partir de um pequeno número de pontos de partida, uma dezena aproximadamente, eles afirmam ser capazes de explicar a totalidade do que se produz no mundo.

- Você pode me dar um exemplo?

- Num computador, você pode colocar na memória, por exemplo, milhares de datas de eventos históricos. E se você digitar em seguida “14 de julho de 1789”, você obterá: “Tomada da Bastilha”. Bem, isto não forma um sistema. É apenas uma coleção de elementos postos lado a lado.
Mas, se o seu computador contém um programa de cálculo, por exemplo, a situação é muito diferente. Se você pede: “4132 X 326 = ?”, a máquina não vai buscar em sua memória o resultado já registrado. Ela “faz” a operação.
Ora, um sistema filosófico se assemelha a esta função de cálculo. Ele é capaz de produzir respostas a partir de princípios e regras, como a calculadora dá o resultado da multiplicação a partir de regras de aritmética. Fica mais claro assim?

- Sim...


Extraído de “La philosophie expliquée à ma fille.” de Roger-Pol Droit, páginas 52-53 (Paris: Ed.Seuil, 2004 ).


postado por du tom

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