- Tem alguém aí?
domingo, 19 de outubro de 2008
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Camus e o pensamento do absurdo
“É preciso imaginar o Sísifo feliz”
Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Com esta afirmação Albert Camus inicia seus escritos publicados com o título: o Mito de Sísifo. Mas o que está em jogo com uma afirmação tão direta e incisiva? É o sentido da vida, o julgamento acerca da vida, se esta vale ou não a pena de ser vivida.
Matar-se neste sentido significaria “confessar que fomos superados pela vida ou que não a entendemos (...) ou simplesmente que não vale a pena viver.” A ausência de qualquer sentido para viver, justificaria então o suicídio? A constatação da inutilidade do sofrimento, da ausência de sentido das coisas, e do mundo mesmo, a constatação do absurdo seria simplesmente solucionada pelo suicídio? Segundo o autor “fingimos acreditar que negar um sentido a vida leva obrigatoriamente a declarar que ela não vale a pena ser vivida”. Será que o reconhecimento do absurdo, que é a vida, nos coloca como única via escaparmos dela? De modo que, para Camus o absurdo nos confronta com a morte, com a falta de sentido das coisas, e, portanto nos coloca diante da questão fundamental para todo o pensamento filosófico, recolocada novamente, se a vida vale a pena ou não mesmo diante de sua ausência de sentido, mesmo diante de seu absurdo?
E o que é este absurdo? Como podemos descrevê-lo? Camus aloca o pensamento, ou melhor, o sentimento do absurdo, como; “... Aqueles lugares desertos e sem água onde o pensamento chega a seus limites(...) e o verdadeiro esforço, pelo contrário, é o de se sustentar ali, na medida do possível e examinar de perto a vegetação barroca de suas regiões afastadas.” A impossibilidade de dar sentido a tal sentimento, de defini-lo com um conceito único e claro é o que, em partes, o caracteriza. O sentimento do nada, “aquele singular estado de alma em que o vazio se torna eloqüente, em que se rompe a corrente dos gestos cotidianos, em que o coração procura em vão o que lhe falta, é, então o primeiro sinal do absurdo”.
Essa estranheza diante da cotidianidade, da rotina de nossa vida, aparece num questionamento sem respostas, e a “fuga” do mundo familiar, é na verdade a possibilidade deste mundo e voltar a ser o mais próprio, em toda sua profundidade, na sua ausência de lógica e sentidos.
Do mesmo modo, nas reflexões de Nietzsche, sobre a história da filosofia enquanto metafísica, e mais precisamente como niilismo, foi colocado a noção de niilismo como sendo um destino inexorável da humanidade. De modo que a única resposta, ou atitude perante este é assumí-lo, tomando consciência de seu alcance e tragicidade, na medida em que é destino. Somente em sua afirmação residiria a verdadeira tomada de posição diante deste, e não confundir esta afirmação do niilismo como pessimismo, pois este último negaria a vida em todas as suas dimensões. O niilismo, quando ativo, afirmaria a vida ao afirmar-se perante o sofrimento. “O importante não é se curar, mas conviver com os próprios males”.
Camus aponta a centralidade no pensamento do absurdo, como uma tomada de consciência perante a fatalidade do mundo, diante da consciência da finitude, da morte, e do tempo. O absurdo, que na verdade é provocado por um sentimento, nasceria então do confronto, nunca de uma tomada de posição, entre o apelo humano, de sentido e racionalidade, e, o silêncio irracional do mundo, sua ausência de sentido. Segundo Camus “é em nossa nostalgia de unidade, em nosso apetite de absoluto que ilustra-se o movimento essencial do drama humano”.
Neste sentido imaginar o Sísifo feliz é uma metáfora para nossa condição enquanto jogados nesse nada, na ausência de sentido que seria o nosso mundo, e ainda, na consciência de tal situação, dizer sim à vida e a todas as suas faces, é dizer sim também ao sofrimento. A respeito do destino de Sísifo, Camus coloca: “É durante seu regresso, a pausa, o descer o cume que Sísifo me interessa (...) essa hora que é como uma recíproca e que se repete com tanta certeza quanto sua desgraça, essa é a hora da consciência (...) nesse momento Sísifo é superior ao seu destino. É mais forte que sua rocha”.
Assim como Nietzsche, Camus parece acreditar que a única resposta para o niilismo, é consumando-o em suas últimas conseqüências, afirmando sua inexorabilidade e deste modo transgredindo-o. “Não há destino que não possa ser superado com o desprezo”.
sábado, 7 de junho de 2008
a lógica de Hegel
"só mediante uma mudança é que a verdadeira natureza do objeto vem à consciência" (Hegel)
terça-feira, 27 de maio de 2008
domingo, 25 de maio de 2008
Coleção "Plebeus" - Volume 1
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Cheguei
Alcoólicas
de Hilda Hilst
É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d'água, bebida. A Vida é líquida.
Também são cruas e duras as palavras e as caras
Antes de nos sentarmos à mesa, tu e eu, Vida
Diante do coruscante ouro da bebida. Aos poucos
Vão se fazendo remansos, lentilhas d'água, diamantes
Sobre os insultos do passado e do agora. Aos poucos
Somos duas senhoras, encharcadas de riso, rosadas
De um amora, um que entrevi no teu hálito, amigo
Quando me permitiste o paraíso. O sinistro das horas
Vai se fazendo tempo de conquista. Langor e sofrimento
Vão se fazendo olvido. Depois deitadas, a morte
É um rei que nos visita e nos cobre de mirra.
Sussurras: ah, a vida é líquida.
(Alcoólicas - II)
terça-feira, 13 de maio de 2008
sábado, 10 de maio de 2008
Dia do Trabalhador no Real Conquista
A vida da maioria da população, aquela que vive nas periferias do mundo, é marcada pela morte. Pela morte do amigo, pela própria morte de todos os dias (um pouco de fome, um pouco de frio, um pouco de desespero), a morte de bala ou de doenças curáveis. E a morte marca a luta daqueles/as que querem construir um mundo com dignidade e justiça. A luta dos/as que moram na periferia é não só para viver melhor, mas para não esquecer dos que morreram. Assim, a luta de classes é determinada pelos que morreram nela, lutando por moradia, contra a exploração, por terra, ou que morreram porque existiram alguma vez. A luta pelas coisas materiais e brutas se manifesta na coragem, astúcia, humor e firmeza que se alimenta de todos/as os/as que já caíram.
A estratégia dos poderosos sempre foi não viver do passado. Eles podem esquecer do passado, porque não é o irmão e a irmã deles que não estão presentes. Para os poderosos, o esquecimento é uma arma para a dominação. Porque a lembrança de como chegamos até aqui é repugnante, aterrorizante. Assim, a luta dos oprimidos sempre foi uma luta também pela memória. Pela memória de nossos mortos. Para não esquecer que muitos caíram sem porquê.
Na poesia, é a morte que está presente quando o tema é a luta por justiça. Pablo Neruda quase morreu para escrever o Canto Geral: "A poderosa morte me convidou muitas vezes: / era como o sol invisível nas ondas, / e o que seu invisível sabor disseminava / era como metade de afundamentos e altura / ou vastas construções de vento e nevasca." O povo está presente "fundido nas névoas, / desamparado nos rincões / e nos porões da terra"; "a grande serpente os devora, / e diminui, e os tritura, / e lhes cobre de baba maligna, / e os atira pelos caminhos, / e os mata com a polícia, / e os faz apodrecer em Pisagua, / e os encarcera, e os cospe, / compra um Presidente traidor / que os insulta e persegue, / e os mata de fome nas planuras / da imensidade arenosa." E as bandeiras de luta, "O povo as bordou com sua ternura, / coseu os trapos com seu sofrimento". No chamado dos mortos que se anuncia a continuação da luta: "Hei de chamar aqui como se aqui estivessem. / Irmãos: sabei que a nossa luta continuará na terra / (...) / Estará a nossa luta em todas as partes, / e em nosso coração, estas bandeiras / que presenciaram vossa morte, / que se empaparam em vosso sangue, / serão multiplicadas como as folhas / da infinita primavera".
(...)continua em: http://www.sonhoreal.org
postado por dedeco
sexta-feira, 9 de maio de 2008
O verdadeiro Bauru
Puxando pela memória o ativo "BAURU" recorda o dia em que nasceu o sanduíche que levaria seu apelido, espalhando a fama de sua terra natal para os quatro cantos do mundo. Não é difícil para esse homem de boas lembranças contar detalhes sobre o nascimento do sanduíche "bauru". Era um dia que eu estava com muita fome. Cheguei para o sanduicheiro Carlos e falei: Abre um pão francês, tira o miolo e bota um pouco de queijo derretido dentro. Depois disso o Carlos já ia fechando o pão eu falei: Calma, falta um pouco de albumina e proteína nisso, (Eu tinha lido em um opúsculo livreto de alimentação para crianças, da Secretaria de Educação e Saúde, escrito pelo Ex-prefeito Wladimir de Toledo Pisa, também freqüentador do Ponto Chic - que a carne era rica nesses dois elementos) bota umas fatias de roast beef junto com o queijo e já ia fechando de novo quando eu tornei a falar: Falta vitamina, bota aí umas fatias de tomate. Este é o verdadeiro BAURU. Quando eu estava comendo o segundo sanduíche chegou o "Quico" - Antônio Boccini Jr., que era muito guloso e pegou um pedaço do meu sanduíche e gostou. Aí ele gritou para o garçom, que era um russo chamado Alex: Me vê um desses do "Bauru".Os amigos foram experimentando e o nome foi ficando. Todos quando iam pedir falavam: Me vê um do "Bauru" e assim ficou o nome BAURU para o sanduíche inventado por Casemiro Pinto Neto - Sua Exa. o "BAURU".
quinta-feira, 8 de maio de 2008
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Nem os ecos do último domingo - da ocasião da conquista do Campeonato Carioca - aliados à festa de despedida do técnico Joel Santana e a confortável prerrogativa de jogar com dois gols de vantagem, foram suficientes para impedir a tragédia.
Na saída do campo, abordado por um ansioso repórter, Mallarmé, meio-de-campo rubro-negro, com um andar displicente e aparentando um assombro no olhar, confessava:
- Um lance de dados jamais abolirá o acaso.
postado por du tom.
terça-feira, 6 de maio de 2008
domingo, 4 de maio de 2008
homenagem em duas cores
aos que não te conhecem, ó mais querido
digo-lhes, que nunca te perderias nas obscuras searas do fanatismo religioso
tampouco, te deixarias seduzir pela obstinada pretensão em fazer-te ciência
e, nem nos piores dias de fome e ante a mais grave penúria, sei
que jamais reuniria exércitos ou batalhões de guerra
e, ainda que a massa enfurecida, o teu poder exigisse
eu, asseguro: deste pecado estarias livre
porque, sendo você até morrer
és mais duro que a própria morte
seja na terra, seja no mar
és, simplesmente, arte.
postado por du tom